O Senso comum define a liberdade como a não sujeição do eu ou do ego a qualquer realidade limitadora ou imperativa da realização de desejos e vontades. Livre é quem faz o que quer, quando quer, onde quer, com quer, e assim por adiante. O amor, por sua vez, é compreendido pela entrega do eu ou do ego ao objeto amado, o implica renúncia, abnegação, e até sacrifício. Quem ama valoriza mais o relacionamento com o ser amado do que a realização de suas vontades e desejos.
Isto é, amar é abrir mão da liberdade.
A pretensão humana de liberdade conforme descrita é ilusória, pois é fato que a liberdade humana não é absoluta: ninguém consegue fazer o que quer, onde quer, como quer... A realidade na qual vivemos impõe limites à liberdade humana, como por exemplo, a impossibilidade de voar ou de sobreviver sem dormir ou respirar. São limitações que não implicam desejos e independem das vontades, e por esta razão, não constituem dilemas éticos.
Mas há outros limites que implicam posicionamentos éticos e decisões morais, como por exemplo o zelo do corpo e o cuidado das relações de confiança. Sempre que os limites de sua liberdade são desrespeitado, o ser humano entra em rota de colisão com sua natureza, a natureza da realidade em que vive e, portanto de auto-destruição e destruição do que lhe tem valor. Por exemplo, quem deseja se relacionar com base na mentira, na infidelidade e na exploração do outro em benefício próprio: destrói a si mesmo, ao outro e também a relação de amor.
O dilema entre liberdade e o amor, portanto, pode e deve ser superado, primeiro, pela consciência de que a liberdade humana é relativa, e, também principalmente, pela renúncia voluntária (livre) da vida egocêntrica, em favor das relaçoes de amor. Amar implica escolher livremente se dedicar ao amado. Isso é graça: entrega do si mesmo em favor do objeto amado.