Conheço muita gente que diz ser grata por tudo que tem. Pois bem, há infinitas oportunidades de ajudar ao próximo. Há muitas pessoas por aí para que derramemos nossos cuidados aos seus pés. São os que têm fome, os que estão doentes, os que estão presos, os marginalizados. São também aquelas pessoas que precisam de uma ajuda para conseguir uma profissionalização, uma orientação jurídica, uma consulta médica. São aqueles que precisam de um momento de descontração no meio de uma implacável vida de pobreza. São crianças que estão num abrigo.
Se amamos as pessoas de verdade, está na hora de expressar nosso amor através do cuidado. Por outro lado, se desprezarmos aqueles que precisam e a quem podemos ajudar, não é só a eles que desprezamos, mas também a Deus quando dizemos que amamos.
É aí que fico pensando se Jesus mentiu, ou me ensinaram errado, ou não entendi nada. Porque Jesus disse bem claramente como é que seríamos reconhecidos como seus filhos. Num tom bastante informal, momentos antes de iniciar sua paixão, ele fala aos seus seguidores: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13.34-35). Pronto, não é com uma aparência austera, ou seguindo à risca um conjunto de ritos e credos, ou gritando pelas ruas que o Brasil é de Jesus, mas amando uns aos outros, como ele nos amou.
É claro que é mais conveniente pregar que a rigidez dogmática ou a austeridade comportamental é que faz um filho de Deus, porque isso aprisiona as pessoas e as torna manipuláveis. Nem todos estão dispostos a isso, porque preferem a exclusão ao acolhimento que só um amor semelhante ao de Jesus é capaz de promover. É bom lembrar que ele tanto amou que entregou sua vida por todos. Repito, por todos, sem distinção. Acho que Jesus não mentiu. Também acho que começo a entender o que ele disse. Mas ainda estou apenas no início de uma longa jornada.