sábado, 1 de janeiro de 2011

Pulsar do Tempo.


O melhor e mais importante de nossa história resulta dos planos que não
deram certo. E esta é a descoberta que nos atordoa e redime.

Em um mundo de liberdades, o incerto e o imprevisível criam o espaço
mais doloroso, e mais rico. Naquilo em que nos tornamos, somos
desenhados, com uma freqüência surpreendente, pelas linhas oblíquas de
nossos projetos frustrados.

Despeço-me de 2010 como quem vira a página de um capítulo tenso em um
belo romance. Espero do próximo uma narrativa mais leve e feliz.

Num mundo como este os nossos olhos vão ficando cada vez mais cegos
para as coisas mais modestas, para a vida que acontece também no
anonimato.

Desejo a todos um bom ano e uma vida que valorize as pequenas alegrias;
olhos que percebam o anônimo e o invisível; colo que abrace os que
fracassaram; lábios que beijem o pecador; coração que acolha não a
árvore da religião, mas a semente do Reino.

Numa terra de poderosos vou dar as mãos ao fraco; num mundo de deuses
vou abraçar o humano; num país de gente grande vou ninar os queridos e simples amigos.