Tem dias que as palavras não se completam,
as frases acabam com reticências e os parágrafos perdem sentido.
A gente sente uma ponta de melancolia espetando a alma.
A banalidade de viver nos agride logo que tocamos o chão.
Escovamos os dentes, repetindo com movimentos circulares,
a mesma rotina de décadas;
vestimos a camisa que ainda guarda o cheiro do ferro quente;
cadenciamos os passos e não notamos o vai-e-vem da vida
que nos devora aos poucos.
Tem dias que acordamos e a cabeça lateja.
Recusamos a distração.
Descartamos os conselhos.
Preferimos o silêncio.
Buscamos o deserto.
Nesses dias, lembramos o colo primordial,
que nos embalou com afeto; o rosto meigo,
que nos elegeu únicos;
o berço emadeirado, que nos protegeu de quedas.
Sinto saudade de uma linda mulher,
Minha querida Mãe
APARECIDA LOPES REZENDE