sábado, 9 de abril de 2011

O Brasil está de luto.


O Brasil está se calando.
A falta de justiça é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as infelicidades, a fonte de descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
De tanto ver triunfar a maldade, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
O silêncio vem da centenária percepção de que o grito da maioria nunca foi ouvido pela minoria rica e poderosa. Essa quietude se transforma em depressão coletiva.
Enfraquecidas as resistências, reina uma estranha bonança e essa calmaria produz o caos social, que tanto mata. Os miseráveis já haviam se calado, agora a classe média também emudece. No Brasil não existem “panelaços”, palanques onde tribunos eloqüentes ficam roucos; são poucas as passeatas reivindicatórias. Sobram marchas (que mais se parecem carnaval fora de época), “showmícios” com sindicatos distribuindo prêmios através de sorteios.
Espero que, enquanto permanece quieta, “a brava gente brasileira” recobre sua antiga força criativa, restaure resistências e volte ao ringue pela dignidade nacional. Acredito que meu povo, um dia, deixará de ser ordeiro e pacífico. Um dia acordaremos,  essa paz só pertence aos covardes. Os verdadeiramente vivos não se conformam com a serenidade dos cemitérios; eles têm fome e sede de justiça.
Pai Celestial, hoje erguemos nossas vozes em intercessão pelos que choram seus filhos mortos na escola de Realengo.
Rogamos que tomes pela mão aqueles que estão perdidos em meio à escuridão.
Rogamos que enxugues cada lágrima.
Rogamos que com tua presença amorosa preenchas o vazio deixado pelas ausências.