Você pode estar diante de um louco de muitas maneiras diferentes. Uma delas é estar diante dele não como quem admira, se espanta ou tem medo. Mas como quem quer ajudar. Podemos fazer isso. Podemos fazer algo por ele. Podemos ter certeza de nossa capacidade de ajudar, abertos a qualquer possibilidade.
Mas há também uma outra maneira de estarmos diante de um louco. É estarmos lá não só para ajudar, mas também para sermos ajudados. É possível crer que um louco possa ajudar a gente, e ajudar como pessoa. Essa postura é muito diferente da primeira.
Por mais louco que alguém possa ser, ele é portador de uma experiência humana de existir. Ora, nós, os não-loucos, temos em comum com eles isto: também nós nos defrontamos com o existir humano como desafio. Diante desse desafio buscamos dar um sentido às nossas vidas.
Estar diante de um louco, como quem pode ajudar apenas, é considerá-lo como um ser à parte. É também colocar-se à parte, como se você soubesse, de forma perfeita e sem incertezas, decifrar o enigma da existência. Se você age dessa forma é ainda porque você esta sendo veículo ou instrumento de interesses. Aqueles interesses que mandam que a loucura não deve ser levada a sério. E não pode ser levada a sério porque ela questiona nossos sistemas de um bom viver. Não pode ser levada a sério porque ela nos desmascararia.
Não existe ajuda unilateral. A forma mais profunda de ajuda é o encontro.